terça-feira, 11 de agosto de 2009

Minha rotina de um só dia

''- O que faz aí embaixo?

- Não parece óbvio?

- Nem um pouco.

- Veja como é engraçado. Vemos o fundo mas não sabemos a distância da areia para a superfície.''

Na superfície turbulenta com ondas formadas pelo vento em direção à praia, a noite começava a cair. O mesmo vento que formava as ondas, também batia em meu rosto e em toda a parte esquerda do meu corpo. Meu casaco se balanceava levemente... Fiz questão de prestar atenção em todos os detalhes. O mar estava azul escuro, com o topo das ondas sendo iluminados pelos derradeiros raios de sol ainda existentes nesse fim de tarde. O ar quente que saía da minha boca, aquecia meus lábios por segundos e causava um pequeno choque térmico neles. Um choque agradável...Extremamente agradável. Olhei para o céu e vi nascer a primeira estrela da noite. ''A primeira estrela deve ser mais importante do que a mais brilhante, não é mesmo?'' Pensei comigo mesma. Barquinhos continuavam a passar pela costa da praia do Flamengo. Muito lentamente, iam e vinham... O raro som de pássaros faziam com que aquele momento estivesse perfeito para pensar. Pouco movimento, muito vento, muito frio... Nunca me imcomodei com o frio. Sempre gostei da sensação de arrepio, de sentir cada músculo do meu corpo se contraindo a cada rajada de vento. Vultos atrás de mim. Não me importava. Olhava para o meu tênis, para as pedras, para o mar, para o céu... Gosto de ficar sozinha. O sino descompassado tocou anunciando as seis horas em ponto. Olhei para um lado, não vi ninguém. Olhei para o outro, ninguém ao alcance da minha vista. Pensei em pular para as pedras para que o vento batesse mais forte no meu rosto. Fiquei parada, continuando no mesmo lugar. Olhei para o cristo redentor, e com o vento batendo mais diretamente em meu rosto, meus olhos começaram a lacrimejar. Desviei o meu olhar para o céu e agradeci por ter uma desculpa para chorar. As lágrimas causadas pelo vento se misturavam com as lágrimas de desconsolo. Levantei e andei... Continuarei andando até tudo isso passar.


*A conversa que está escrita acima da descrição do meu dia, foi um pensamento que me passou pela cabeça enquanto eu estava olhando a pedra. Olhando e não conseguindo identificar o quão profunda ela estava em relação a superfície.

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